quinta-feira, 13 de setembro de 2007

CORPO E BARBÁRIE

Nesta 5ª edição do ENARTCi o Hibridus deseja explorar, por meio da linguagem-dança, as gramáticas do corpo socialmente construídas. Assim, ao propor o tema “Corpo e barbárie” nos convida a repensar seus eixos, jeitos e usos, porque o corpo não é apenas matéria-repositório do espírito. Ele é língua, verso, grito, gozo, dor, janela... por vezes cerrada, noutras, trancafiada

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Na quarta-feira, 12 de setembro, ao passar os olhos pelo jornal Estado de Minas, tive a grata surpresa de ler matéria sobre o ENARTCI. Em sua quinta edição, o evento de dança contemporânea, que acontece em Ipatinga(Vale do Aço-MG), me surpreendeu pela proposta conceitual e profissionalismo.
Com o tema CORPO E BARBÁRIE, o quinto ENARTCI proporcionou encontros, trocas, fluxos de idéias e expressões.
Em uma troca de e-mail com Wenderson Godoy, um dos responsáveis pelo ESPAÇO HIBRIDUS, propositor do ENARTCI, recebi um texto produzido durante o encontro desse ano. Apesar do encontro ter ocorrido entre 06 e 09 de setembro, fica aqui o registro do encontro através desse texto.

Terrorismo Cultural & Atentado Poético

Memorando de Ipatinga

Ipatinga, 09 de setembro de 2007.


De: Artistas da dança sofrendo e/ ou se divertindo no Enartci

Para: Todo mundo se divertindo e/ ou sofrendo no resto do Brasil

Estamos aqui para desenvolver variações em torno do tema "Corpo e barbárie" (independente da tradução que alguém faça de "corpo" e "barbárie"). Entre espetáculos, conversas, passeios de trem pela Ipatinga que turistas, empresários e governos não vêem, chegamos ao inevitável debate sobre políticas públicas. Para a cultura ou para além da cultura.

Passamos, como sempre, por questões como:

-Leis de incentivo, alternativas a elas, ou a falta de alternativas.

-Patrocinadores, ou a maneira como nossas publicações, imagens e paredes de teatros estão cada vez mais poluídas com logomarcas.

-Nossa postura no meio deste debate, sempre cheia de desejos e frustrações, mas com menos sugestões ou proposições do que seria eficiente.

-Urgência da implantação de medidas que estimulem a diversidade cultural, aqui entendida não apenas como uma diversidade de projetos ou idéias, mas de modos de criar, produzir, expressar.

-Dificuldade em agir por um bem comum quando o núcleo atual da estrutura de produção gira em torno de elaborar projetos, inscrever-se em editais, captar recursos – ou seja, atividades que premiam o individualismo e o isolamento, e inibem o surgimento de ações políticas coletivas.

Tendo isso em vista, propomos (convocamos, atentamos, sugerimos, clamamos e exclamamos):

- Circulação de sugestões, propostas, posicionamento afirmativo sobre como devem ser as políticas culturais. Ninguém tem a obrigação de nos salvar, de modo que nenhuma proposta de política pública será legítima e suficiente se não partir de nós.

- Implantação de processos que conduzam a um treinamento político-poético-ideológico, centrado em temas como - mas não somente - formas de organização, estratégias de comunicação com públicos (gente comum, mídia, comunidades específicas, capital, governantes etc.), estruturas de ação direta (intervenção, mobilização, terrorismo cultural e atentados poéticos), que nos dêem condições materiais e objetivas de encontrar as formas de nossa militância neste novo século.

-Determinação de objetivos, já que é necessário discutir – sempre – por que dinheiro de contribuintes deve ser aplicado neste programa ou naquele projeto. É inadmissível a postura dos grupos e artistas que, ao receberem recursos públicos, retiram-se do debate sobre as políticas, ou da pressão sobre os poderes.

-Estímulo aos programas que propiciem o encontro e a diversidade, e às estruturas de fomento, que sejam constantes e que não se abalem com mudanças governamentais.

-Uma nação com cultura continuada adoece menos e faz melhor suas escolhas.

No mais,

Aguardamos as notícias de vocês,

E pretendemos continuar a martelar a cabeça e a caixa postal de vocês com as nossas notícias.

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